quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

A derradeira viagem do viandante

Calcorreou paragens sem fim, vislumbrou com os seus próprios olhos paisagens de esplendorosa beleza mas, ainda assim, tal não preenchia os seus eternos vazios.
No fim da sua última viagem o viandante ainda não conseguia compreender o elementar som emanado por um murmúrio ou o nebuloso porquê da flor perfumar a mão que a esmaga. O incómodo sufocante da inatingível compreensão obrigou-o a parar e, ao parar, descobriu que os cenários/vislumbres de outrora já não eram assim tão belos, a sofreguidão da paisagem já não o preenchia e … cansou-se das suas viagens!
O cansado viandante bateu, por fim, à minha porta … e entrou! A luz provinda do fogo irradiava na sala, ele aproximou-se da sua origem, sentou-se, recostou-se e não tardou que o sono profundo chegasse. Adormeceu e regressou ao passado, ao adormecer escondeu-se da dura e crua realidade, apercebeu-se enfim que uma vivência unicamente real desperta o tédio da vida ofuscando a própria quimera dos nossos sonhos.
O cansado viandante “acordou” para o sonho reacendendo o titânico confronto com a dura realidade, a qual jamais necessitará de encarar… ele não mais despertou, perpetuando no seu mundo dos sonhos.
Agora terá tempo, agora irá compreender a essência fundamental das coisas e descobrir a razão de todos os porquês.
A viagem do cansado viandante chegou ao fim.

1 comentário:

Anónimo disse...

E esse mundo tão belo na qual deveriamos perpetuar, o do sonho. Onde tudo o que sabemos não estar facilmente ao alcance, acontece. Ainda assim, acordar para a realidade e, pior, para a sociedade, é positivo na medida em que podemos sempre olhar para o sonho como o querer e poder.

Cada um interpreta o que lê da forma que melhor se adequa a si, eu não sou excepção, ainda assim, parabéns pelas tuas palavras!!!