quarta-feira, 4 de março de 2009

Gastão de Freitas Ferraz - Espião nazi português

Arquivos Nacionais do Reino Unido revelam espião nazi português

“A captura de Ferraz viabilizou a vitória das tropas aliadas” In Jornal de Noticias

Trata-se de um episódio recentemente revelado pelos Arquivos Nacionais do Reino Unido, relativamente ao qual a opinião pública não teve acesso e que mudou o curso da Segunda Guerra Mundial envolvendo Gastão de Freitas Ferraz, operador de rádio do navio português Gil Eanes (navio hospital de apoio à pesca de bacalhau), que informava os alemães sobre o movimento de navios no Atlântico Norte, a troco de 15.000 escudos por mês.
"Os serviços de contra-espionagem britânicos, que estavam na Rua da Emenda, seguiam o recrutamento da frota pesqueira porque sabiam que os alemães infiltravam aí pessoal. Isso é seguro", contou José António Barreiros, advogado e um estudioso de assuntos de espionagem da II Guerra Mundial, em declarações à agência Lusa.
O historiado Christopher Andrew, da Universidade de Cambridge, considerou que o ficheiro "muda o entendimento da história britânica" e oferece informação nova dos serviços secretos do país na luta contra os nazis.
"A autoridade do professor Andrew é suficiente para eu ter plena convicção que o dossier em causa tem o maior interesse para a avaliação do relacionamento das informações alemãs através da frota pesqueira portuguesa", acrescentou José António Barreiros.
Os ficheiros Secretos apreendidos revelam que em 1942 os espiões britânicos começaram a suspeitar do "comportamento anormal" de navios de pesca portugueses, incluindo de alguns com equipamento de comunicações elaborado. O "navio mãe da Frota Branca", como era designado, foi alvo de buscas quando estava atracado na Terra Nova e o MI5 considerou haver motivos para deter o operado de rádio Gastão de Freitas Ferraz. Na altura, devido a alguns erros que provocaram a morosidade do processo, a custódia não foi efectuada, acabando o navio Gil Eanes por partir em direcção a Portugal. A Marinha Inglesa acabou finalmente por decidir interceptar, em pleno alto mar, o navio e apresou Freitas Ferraz num ataque ousado no meio do Atlântico em 1942, levando-o para Londres a fim de ser interrogado. O ficheiro do MI5 inclui um depoimento e a confissão.
O português informava os alemães do movimento das frotas aliadas e unidades aéreas. O ficheiro assinala que o seu trabalho lhe dava a "cobertura perfeita".

Tudo leva a crer que se a detenção de Freitas Ferraz não tivesse acontecido, o império da suástica ter-se-ia organizado e o rumo da história teria sido bem diferente.